terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Interesses da sociedade

Quem vai governar Cabreúva pelos próximos quatro anos, ainda ninguém sabe, já que há um processo de cassação contra Cláudio Giannini em andamento na Justiça Eleitoral. Mas, no momento em que tomam posse o prefeito, o vice e os vereadores, é sempre oportuno questionar: e eles, os escolhidos, pelo que se deixarão governar?
A experiência demonstra que, tanto nas casas legislativas quanto no Executivo, a atividade política se realiza em pelo menos três níveis distintos, representados pelos interesses pessoais, partidários e coletivos.
A motivação pessoal - não confundir com interesses escusos – é legítima e diz respeito à construção de uma biografia, que é, em última análise, o maior patrimônio de um agente político.
O mesmo se pode dizer das diretrizes partidárias e das propostas resultantes da representação segmentada, que estão na essência da atividade parlamentar.
O problema cabreuvano é que muitos políticos não conseguem harmonizar os interesses pessoais, partidários e de segmentos específicos com os interesses coletivos, que são, evidentemente, mais importantes. E, ainda pior: raros são os que revelam o desprendimento e a coragem necessários para renunciar a suas próprias conveniências ou de suas agremiações, quando estas entram em rota de colisão com os anseios mais legítimos de toda a sociedade.
Essa ausência de um compromisso mais sério com a população é que dá margem a acordos políticos nos quais a perspectiva do que é melhor para Cabreúva, cede espaço, única e exclusivamente, à manutenção e ampliação do poder, como se isso fosse um fim em si mesmo. E quando isso ocorre, os efeitos para a sociedade são desastrosos, pois a troca de gentilezas entre os poderes afrouxa, no Legislativo, a disposição de fiscalizar e cobrar.
O que falta para a grande maioria dos políticos cabreuvanos e aos partidos políticos, senão um compromisso moral com a população que os conduz ao poder, ao menos o descortino suficiente para perceber que suas biografias e projetos partidários não são dissociáveis de uma atuação qualitativa em favor da sociedade.
A democracia impõe aos eleitos a aceitação de alguns princípios, que podem ser definidos em poucas palavras: trabalhar pelo interesse público, acima de qualquer outro; submeter-se inteiramente às leis, mesmo que a observância dos ritos possa tornar mais lentas as soluções; respeitar a atividade parlamentar como manifestação de um poder independente, e que não deve prescindir uma análise crítica dos atos do Executivo; jamais confundir a busca de governabilidade, por meio da construção de um diálogo amplo e coerente, com a cooptação pura e simples do Legislativo.
Desta forma, a sociedade tem o dever de acompanhar o trabalho de fiscalização do Legislativo no acompanhamento dos atos do Executivo, para que não aconteçam irregularidades que possam prejudicar toda uma cidade.
A sociedade, se até agora não fez sua parte, foi por total desconhecimento do poder que ela tem.
Pensando no bem comum de toda uma sociedade, em parceria com o Ministério Público, Tribunal de Contas do Estado, Controladoria Geral da União e da Amarribo, entidades de fiscalização do poder público, exigindo dessas entidades o cumprimento suas funções, cidadãos de nossa Cabreúva têm se mobilizado, desprovidos de qualquer interesse político-partidário, e estão criando uma Organização Não Governamental – ONG em nossa cidade para o acompanhamento tanto da Prefeitura quanto da Câmara Municipal, para que cada um cumpra seu papel da única forma que deve ser cumprido: dentro da lei.
Fiscalizar as ações do prefeito, seus secretários e funcionários públicos, os contratos, licitações, parcerias, repasses estaduais e federais, bem como a atuação dos vereadores dentro de suas limitações, tanto intelectuais quanto funcionais, será uma prática comum, a partir de agora.
Já que os jornais locais, Caleidoscópio e A Voz do Jacaré, tem uma nítida parcialidade em favor dos interesses da Prefeitura, não respeitando seus leitores e anunciantes, e desta forma colocando matérias que apresentam Cabreúva como uma ilha de tranqüilidade, sem nem ao menos ter o profissionalismo que se espera desses meios de comunicação, criei este blog para que a verdade possa vir à tona, sem meias palavras ou falsas verdades, nesse tempo de tantas verdades mentirosas. Apenas fatos, sem versões para os fatos, como os citados jornais o fazem sem o menor escrúpulo.
Cabreúva precisa de um rumo, de um norte, que só será alcançado quando os interesses da sociedade e a participação dos cidadãos possam realmente existir, deixando de ser uma vontade e passe a ser uma realidade.
O exercício da cidadania é um exercício da paciência e uma profissão de fé, exercida cada vez mais por cidadãos conscientes de suas responsabilidades para com toda uma sociedade, mas sabedores dos seus direitos de cidadão.
Os tempos mudaram. É sempre prudente lembrarem-se disso.
(Obs.: Este post foi enviado a todos os vereadores de Cabreúva, por meio de carta assinada por mim, Renato Violardi)

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