quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Carta aberta ao Vereador Oliveira

Caro Vereador Oliveira,

Peço-lhe a licença de deixar de lado o formalismo, nesta carta aberta que lhe dirijo.

Tomo a liberdade de dizer, não ao vereador eleito com 607 votos no município de Cabreúva, mas ao amigo que tenho: estou profundamente preocupado com os rumos que a política está trilhando.

Cresci à mesa de uma das mais tradicionais famílias de São Paulo. Meu padrinho de vida e conselhos, foi o homem mais culto, probo e sábio que conheci, além do meu pai: Silvio de Bueno Vidigal. Banqueiro, industrial, serventuário da justiça e fazendeiro. Filho do grande Gastão Vidigal, ex-Ministro da Fazenda do Governo Dutra.

Sentado em sua sala, tanto no Cartório de Registro de Imóveis, quanto em sua casa no Jardim Paulistano em São Paulo, me via cercado de cultura, história, ética, sabedoria e simplicidade.

A grande herança que recebi, tanto de meu pai, quanto da família Vidigal, foi a sólida formação do meu caráter. Herança que sempre cultivei e a carregarei pelo resto de minha vida. Minha fortuna moral.

Faço essa necessária introdução, caro amigo, para que aqueles que venham a ler essa postagem, tenham a noção exata de quem sou e das atitudes que eu tomo em minha vida. Quanto mais eu vivo, mais eu percebo o impacto de minhas atitudes  e do meu caráter, na minha vida. Elas são mais importantes que o passado, que a educação, que o dinheiro, que as circunstâncias, que os fracassos, que os sucessos, e do que as pessoas pensam, dizem ou fazem.

Meu nome, meu caráter e minha ética não são questionáveis. Não permito!

Digo isso para que compreenda que, diferente dos discursos feitos contra nós dois, sob a covarde proteção do cargo de vereador, não me atingem.

Não sou mentiroso. Não escondo a verdade. Não sou covarde como o vereador que me acusou. Aliás, vereador só por esse mandato, uma vez que o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo não aprovou suas contas eleitorais e, portanto, não poderá mais ser candidato a nada. Isso sim, um verdadeiro exemplo de falta de ética, de falta com a justiça, de falta com a verdade.

Você me convidou para ser seu assessor, mesmo sabendo que meu voto não tinha sido seu. Isso demonstrou sua vontade de agregar pessoas. Isso foi sábio. Mostrou grandeza, coisa tão em falta no nosso meio político. Discordamos diversas vezes: de suas atitudes, de minha paciência, de suas opiniões, de minha ponderação... só não discordamos que minha maior missão era que fosse respeitado e cumprisse com suas atribuições de vereador: investigar os gastos públicos.

Pois foram exatamente essas investigações e denúncias formuladas à partir delas, que resultaram no "racha" político, na raiva desmascarada dos seus adversários e, pior, de seus "aliados", seu "grupo", visto e assistido por todos que estavam presentes na primeira sessão deste ano de 2011.

As palavras que foram usadas contra você, amigo Oliveira, me feriram. Fizeram sangrar, em agonia, meu coração. Doeu-me demais. Imagino o efeito que tiveram contra você....

Não se conformam, aqueles que o atacaram covardemente, a quantidade de votos que você teve. Sim, votos. Só isso importa aos hipócritas, apenas votos. Mas também o carinho que as pessoas sentem por você,  o respeito, o agradecimento comovido de centenas de pessoas, daqueles que você salvou a vida, com cirurgias e consultas, nunca trocadas por votos, pelo "Deus lhe pague" e sorriso quente, que o levou às lágrimas, daquele senhor cujo nome você nem sabe, morador da Pedreira, mas que nunca mais dormiu com frio. Essa é a raiva dos teus adversários. Ser quem você é, sem máscaras de bondade.

Seu trabalho como vereador, saiba, é reconhecido por muitos desta nossa Cabreúva. São pessoas que acreditam na sua coragem.

Eu acredito na sua coragem...

Por isso, amigo, aguente! De cabeça erguida e sensação de uma parte do seu dever cumprida. Falta muito, mas muito já foi feito e só por você!

Coragem, Oliveira, assim como esse blog sempre o teve. Coragem de dizer a verdade, sem meias palavras, sem olhar se a verdade incomoda, quem quer que seja.

Reflita sobre uma frase de John F. Kennedy :" ter coragem não é algo que requeira qualificações excepcionais, fórmulas mágicas ou combinações especiais de hora, lugar ou circunstância. è uma oportunidade que, mais cedo ou mais tarde, é apresentada para cada um de nós."

Amigo Oliveira, confio em você. Estarei sempre caminhando ao lado, junto da verdade, da coragem, da justiça e da imparcialidade.

Um grande e fraterno abraço,

Renato Violardi

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Lamentável

"O Brasil hoje, tem dois grandes males prioritários: a miséria e a corrupção. O desemprego, conseqüência, em parte da miséria e que a alimenta para mantê-la e reforçá-la, vive, também em grande parte, da corrupção administrativa. Como ocorre com a própria miséria. A corrupção é, aliás, uma das formas da miséria: ela é a miséria moral, o ponto mais profundo da pobreza ética. A corrupção conduz ou exagera o estado dea miséria de um povo" (Carmen Lúcia Antunes Rocha, Princípios Constitucionais da Administração Pública, pág. 215).

"Como toda praga, a da corrupção tem a propriedade de vicejar em qualquer canto. Mas é nas prefeituras que ela encontra o seu terreno mais fértil. Nos últimos seis anos a Controladoria Geral da União (CGU) fiscalizou as contas de um quarto dos 5,564 municípios brasileiros. Encontrou irreguladidades em praticamente todos - e casos flagrantes de corrupção em nada menos do que 20% deles.(...) Por que é mais fácil desviar dinheiro público nas prefeituras do que nos governos estadual e federal?
Em primeiro lugar, porque a fiscalização das contas municipais é mais precária. Sobretudo nas cidades pequenas, o compadrio e a força política dos prefeitos acabam por comprometer a eficiência dos órgãos responsáveis pelo controle das contas: as Câmaras de Vereadores e os Conselhos Municipais, cujos integrantes são indicados pelo prefeito".(Veja, edição 2101, 25/02/2009)

Os textos acima, da Ministra Cármen Lúcia, do Superior Tribunal Federal (STF) e da Revista Veja, reproduzem com exatidão o ciclo perverso da corrupção, notadamente das pequenas cidades.

Se a Câmara Municipal, que é o último recurso de fiscalização contra a pilhagem do dinheiro público, não se dispuser a cumprir o seu papel, rejeitando requerimentos de informações dos gastos da Prefeitura de Cabreúva, poderemos, então, estar inclusos nos casos acima.

E isso seria lamentável...