terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Oração do Milho


Senhor, nada valho.

Sou a planta humilde dos quintais pequenos
e das lavouras pobres.
Meu grão, perdido por acaso,
nasce e cresce na terra descuidada.
Ponho folhas e haste, e se me ajudardes, Senhor,
mesmo planta de acaso, solitária,
dou espigas e devolvo em muitos grãos
o grão perdido inicial, salvo por milagre,
que a terra fecundou.
Sou a planta primária da lavoura.
Não me pertence a hierarquia tradicional do trigo
e de mim não se faz o pão alvo universal.
O Justo não me consasgrou Pão de Vida, nem
lugar me foi dado nos altares.
Sou apenas o alimento forte e substancial dos que
trabalham a terra, onde não vinga o trigo nobre.
Sou de origem obscura e de ascendência pobre,
alimento de rústicos e animais de jugo.
Quando os deuses da Hélade corriam pelos bosques,
coroados de rosas e de espigas,
quando os hebreus iam em longas caravanas
buscar na terra do Eito o trigo dos faraós,
quando Rute respigava cantando nas searas de Booz
e Jesus abençoava os trigais maduros,
eu era apenas o bró nativo das tabas ameríndias.
Fui o angu pesado e constante do escravo na
exaustão o eito.
Sou a broa grosseira e modesta do pequeno sitiante.
Sou a farinha econômica o proletário.
Sou a polenta do imigrante e
a miga dos que começam
a vida em terra estranha.
Alimento de porcos e do triste mu de carga.
O que me planta não levanta
comércio, nem avantaja dinheiro.
Sou apenas a fartura penosa e
despreocupada dos paióis.
Sou o cocho abastecido donde rumina o gado.
Sou o canto festivo dos galos na glória
do dia que amanhece.
Sou o cacarejo alegre das poedeiras
à volta dos seus ninhos.
Sou a pobreza vegetal agradecida a Vós, Senhor,
que me fizestes necessário e humilde.
Sou o milho.

in POEMAS DOS BECOS DE GOIÁS E ESTÓRIAS MAIS

CORA CORALINA



sábado, 18 de dezembro de 2010

Patria Minha!

A minha pátria é como se não fosse, é íntima
Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria. Por isso, no exílio
Assistindo dormir meu filho
Choro de saudades de minha pátria.

Se me perguntarem o que é a minha pátria direi:
Não sei. De fato, não sei
Como, por que e quando a minha pátria
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.

Vontade de beijar os olhos de minha pátria
De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos...
Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias
De minha pátria, de minha pátria sem sapatos
E sem meias pátria minha
Tão pobrinha!

Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho
Pátria, eu semente que nasci do vento
Eu que não vou e não venho, eu que permaneço
Em contato com a dor do tempo, eu elemento
De ligação entre a ação o pensamento
Eu fio invisível no espaço de todo adeus
Eu, o sem Deus!

Tenho-te no entanto em mim como um gemido
De flor; tenho-te como um amor morrido
A quem se jurou; tenho-te como uma fé
Sem dogma; tenho-te em tudo em que não me sinto a jeito
Nesta sala estrangeira com lareira
E sem pé-direito.

Ah, pátria minha, lembra-me uma noite no Maine, Nova Inglaterra
Quando tudo passou a ser infinito e nada terra
E eu vi alfa e beta de Centauro escalarem o monte até o céu
Muitos me surpreenderam parado no campo sem luz
À espera de ver surgir a Cruz do Sul
Que eu sabia, mas amanheceu...

Fonte de mel, bicho triste, pátria minha
Amada, idolatrada, salve, salve!
Que mais doce esperança acorrentada
O não poder dizer-te: aguarda...
Não tardo!

Quero rever-te, pátria minha, e para
Rever-te me esqueci de tudo
Fui cego, estropiado, surdo, mudo
Vi minha humilde morte cara a cara
Rasguei poemas, mulheres, horizontes
Fiquei simples, sem fontes.

Pátria minha... A minha pátria não é florão, nem ostenta
Lábaro não; a minha pátria é desolação
De caminhos, a minha pátria é terra sedenta
E praia branca; a minha pátria é o grande rio secular
Que bebe nuvem, come terra
E urina mar.

Mais do que a mais garrida a minha pátria tem
Uma quentura, um querer bem, um bem
Um libertas quae sera tamem
Que um dia traduzi num exame escrito:
"Liberta que serás também"
E repito!

Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa
Que brinca em teus cabelos e te alisa
Pátria minha, e perfuma o teu chão...
Que vontade de adormecer-me
Entre teus doces montes, pátria minha
Atento à fome em tuas entranhas
E ao batuque em teu coração.

Não te direi o nome, pátria minha
Teu nome é pátria amada, é patriazinha
Não rima com mãe gentil
Vives em mim como uma filha, que és
Uma ilha de ternura: a Ilha
Brasil, talvez.

Agora chamarei a amiga cotovia
E pedirei que peça ao rouxinol do dia
Que peça ao sabiá
Para levar-te presto este avigrama:
"Pátria minha, saudades de quem te ama...
Vinicius de Moraes."

Texto extraído do livro "Vinicius de Moraes - Poesia Completa e Prosa", Editora Nova Aguilar - Rio de Janeiro, 1998, pág. 383.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Sorria!

"Você não pode ensinar nada a um homem; você pode apenas ajudá-lo a encontrar a resposta dentro dele mesmo." (Galileu Galilei).

Muitas pessoas com o passar do tempo devido a coisas ruins e experiências tristes acabam deixando de sorrir para a vida. Sim, por incrível que pareça para muitas a graça vai se acabando até o ponto que não resta mais nada de bom para se fazer e que a pessoa não consegue enxergar nada de melhor em sua vida. A vida pode não ser perfeita, mas sem dúvida é bem melhor viver com brilho nos olhos e a alma leve do que passar a ser um zumbi, uma pessoa que apenas existe porque viver mesmo não consegue. Por mais problemas que uma pessoa possa ter, o que faz com que a vida perca a graça é a perda da auto-estima. Por mais que se esteja no fundo do poço, é necessário pensar positivo e se valorizar. Algumas coisas você pode fazer por si mesmo que poderão ser de ajuda na recuperação de sua auto-estima e amor próprio. Por exemplo, uma pessoa quando está querendo sair de uma fase ruim precisa mudar, e por que não começar a fazer isso pela sua aparência? Se começar a mudar suas roupas, mudar seu corte de cabelo, e mais alguma coisa que ache necessária e esteja dentro de seu alcance com certeza se sentirá mais confiante. Mas voltar a sorrir para a vida não pode ser uma coisa que é feita por simplesmente a parte exterior estar em forma e com bela aparência, mas é preciso trabalhar o seu interior para saber onde é preciso fazer mudanças. Faça uma faxina na sua alma e assim como em casa, jogue fora tudo aquilo que é lixo que tem habitado seu coração. Procure mudar de amigos caso o seu circulo de amizades não sejam com pessoas que são positivas. Voltar a sorrir para a vida é possível, desde que seja isso o que você realmente quer.

Podia falar da importância de sorrir no processo de libertação das endorfinas e dos mecanismos que desencadeia algumas reações fisiológicas, de que acionamos 72 músculos para franzir a testa e apenas 14 para sorrir (no mínimo rejuvenesce) e outras teorias, mas não me interessa muito dissecar algo que é sempre melhor sentir em sua plenitude.

Você já percebeu que a maioria dos sorrisos começa perto de outro sorriso!
O sorriso é uma das características que nos distingue. Um simples sorriso pode deixar-nos tão felizes... Incutir-nos esperança, ajudar-nos a sonhar e a vencer os obstáculos diários que a vida teima em colocar enviesados em nosso caminho, enfim, um sorriso espontâneo, caloroso, sincero digno da expressão de contentamento, contagia-nos e transporta-nos para outra dimensão... Um sorriso pode ser um salubre remédio contra aqueles dias cinzentos, o sustentáculo da felicidade que queremos alcançar...

O sorriso traduz, geralmente, um estado de alma; é um convite a entrar na intimidade de alguém, a participar do que lhe é íntimo. É por isso que o homem é o único animal que sorri, e como é dotado de inteligência e vontade pode sorrir quando tudo vai bem ou sorrir mesmo quando as coisas não corram tão bem – tudo se resume à harmonia interior.

Sorrir é no mínimo um ato de respeito e empatia com o próximo, pois através dele reconhecemos o outro como pessoa. Com um sorriso sincero podemos mudar o mundo, colocando o amor, respeito, autoconfiança e esperança no centro da vida humana ao invés do egoísmo ou o interesse pessoal.

O poder do sorriso é grande, e saber sorrir é algo de muito importante. Antoine de Saint-Exupéry diz: "No momento em que sorrimos para alguém, descobrimo-lo como pessoa, e a resposta do seu sorriso quer dizer que nós também somos pessoa para ele".

A atração do sorriso é indiscutível, onde há alguém sorrindo sempre haverá alguém por perto. O sorriso é algo que pluraliza e multiplica as relações. Ao contrário, quando se aproxima de alguém com a expressão facial séria, normalmente os filhos entram para os seus quartos, ou colaboradores não saem de seu ambiente de trabalho e a conversa pára por ali. Desnecessariamente ninguém se aproxima de alguém com a face séria ou que pareça estar aborrecido com algo, se o sorriso atrai, ao contrário pode-se dizer que sua falta repele.

Mesmo quando a vida está sendo dura; mesmo sendo difícil, é preciso sorrir.

Vivemos sempre tão ocupados que mal olhamos para as outras pessoas, mesmo aquelas que nos são caras, mesmo as de nossa família; mal olhamos para nós mesmos. A sociedade está organizada de tal modo que, mesmo tendo tempos de lazer, não sabemos aproveitá-lo para entrar em contato conosco.

Inventamos milhares de formas de desperdiçar esse tempo precioso: ligamos a TV, falamos ao telefone, saímos á esmo de carro para ir a qualquer lugar e com isso vamos nos afastando de nós mesmos cada vez mais.

A princípio você pode achar difícil sorrir, e nesse caso deve considerar o porquê. Sorrir significa nossa essência, que estamos sendo nós mesmos, que estamos tendo soberania sobre o nosso destino, que não estamos mergulhados no esquecimento interior.

Ludwig Wittgenstein, que muitos consideram o filósofo mais profundo do século XX em uma das suas Investigações Filosóficas disse "Uma boca sorridente só sorri num rosto humano". Neste caso o humano não se refere á espécie, mas ao lado despojado das mascaras, falsidades e interesses, á total honestidade de sentimentos. Não existem falsos sorrisos, estes se comparam as dentaduras ou implantes de cabelo, pois, são facilmente reconhecíveis pela sua artificialidade.

Em 1967, um jovem investigador, Paul Ekman, fez uma pesquisa exaustiva sobre o sorriso. Chegou à conclusão que no ser humano, a mímica é produzida por 42 músculos faciais e que existem 19 maneiras diferentes de sorrir, mas apenas uma única forma é verdadeira.

O sorriso ilumina a alma, pois permite que a luz penetre na escuridão interior que cada um de nós carrega em um pedaço do seu ser, ajudando assim a diminuir as sombras e medos interiores.

Voce já observou o quanto às crianças sorriem, em qualquer local ou para qualquer pessoa que se dirigem sempre estão sorriso. Do mesmo modo observe como as pessoas depois de adultas ainda sorriem despretensiosamente para os cães e as crianças, parece que ainda existem resquícios em nossos corações para alimentar este sorriso espontâneo.

Mas você deve estar se questionando: Será que esse cidadão mora no mesmo mundo do que eu? Ou em algum mundo paralelo junto com a Alice, o Gato Risonho, a Lagarta, Lebre Maluca e o Chapeleiro Louco da obra "Alice no País das Maravilhas" de Lewis Carroll. Em que mundo eu estou vivendo? Será que é o mesmo mundo que o resto das pessoas?

Como será possível alguém sorrir perante os sofrimentos da vida? Quando somos vitimados por doenças graves ou acidentes que nos mutilam?
Como sorrir quando o desemprego bate a sua porta, causando transtornos financeiros?
Como sorrir diante da morte de um parente querido ou um amigo íntimo?
Como sorrir, quando somos incompreendidos no meio em que vivemos, dentro do próprio lar, nos ambientes de trabalho?

Segundo a yoguine indiana Dadi Gulzar, se você quiser trazer amor e equilíbrio em sua vida, em seus relacionamentos e em seu mundo, procure manter a meta de praticar três coisas com as pessoas que encontram durante o dia, sejam membros da família ou colegas de trabalho. Primeira sempre encontrá-las com um sorriso na face. Todos vocês sabem como sorrir? Mesmo se alguém estiver com alguma atitude de raiva ou agressividade, ainda assim procurem manter o seu sorriso. Procurem aquietá-lo com um sorriso bastante pacífico. Não reajam, apenas sorriam e acalmem essa pessoa que está irritada. Isto irá ajudá-la. Segunda coisa é sempre dar felicidade a quem vocês encontrarem e terceira é manter seu coração feliz. Observe que as duas ultimas metas derivam da primeira, se voce não conseguir praticar a primeira meta, será praticamente impossível atingir as demais, enfim o sorriso é o segredo, afinal o segundo o ditado popular "O sorriso é o espelho da alma".

O técnico Koide Yoshio, da maratonista japonesa Takahashi Naoko, que conquistou a medalha de ouro nas Olimpíadas de Sidney em 2000, ensinou a maratonista o seguinte: "Nunca faça cara feia, treine sorrindo". Sempre que se deparar com algum sofrimento, sorria para ele. Pense que poderia ser pior e agradeça por isso. Caso contrário estará inibindo as suas qualidades e possibilidades de superação. O melhor de você só poderá ser extraído dentro de um estado harmônico criado pelo sorriso, jamais de um modo carrancudo, tenso ou embravecido.

O Sorriso é a expressão mais bonita que o ser humano tem, nos traz forças e esperanças, é linguagem universal, tem reflexos por toda parte.

Aceitar ou não é uma questão de opção, mudar ou não é uma questão de querer, fazer ou não é uma questão de atitude.

Sorrir é uma questão de atitude, depende exclusivamente de você.

enviado por Clélia W. Sandei

domingo, 5 de dezembro de 2010

Berçário de estrelas


 Há parcerias que tem tudo para deixar o mundo um pouco melhor. Conheci uma dessas: acontece no interior de São Paulo, envolve iniciativa privada, poderes públicos e ongs, e está criando raízes em todo o sistema responsável pelos primeirios passos de desenvolvimento da vida humana - aqueles dados antes do parto e até os 3 anos de idade.
A Fundação Maria Cecília Souto Vidigal (fundação privada, de origem familiar – coisa infelizmente rara no Brasil) articulou prefeituras de seis cidades para plantar uma verdadeira revolução no atendimento a uma população que é de quase 70 mil crianças.


Nesta faixa etária – o ciclo do chamado “desenvolvimento infantil” – as crianças são normalmente negligenciadas pelas políticas públicas, mas para a neurociência é nesse período da vida que se estabelece 90% das sinapses cerebrais. “Isso quer dizer que é quando ela constrói o arcabouço cognitivo que lhe permitirá aprender e interagir, ou seja, entender o mundo e se relacionar com os seus semelhantes” – afirma Andrea Wolffenbüttel , gerente de comunicação da fundação.
Em dias nos quais canhões blindados tentam resolver a omissão política de décadas e quando os brasileiros se perguntam sobre onde nasce tanta tendência à criminalidade, não é nada demais lembrar que o investimento nos primeiros anos de vida favorece o desenvolvimento infantil especialmente em seus aspectos emocionais e minimiza os riscos de dificuldades psicossociais do indivíduo ao longo da sua vida.
Esta é uma das maneiras – talvez a mais estratégica - para a redução de problemas sociais tais como baixa aprendizagem, violência e droga adição, entre outros. É nestes primeiros anos que formamos uma gente que é pra brilhar e não pra morrer (ou matar) de fome. É neste ciclo que as condições de vida devem ser um berçário de estrelas – para tomar do Cosmos o que precisamos aprender a fazer na Terra. 
Leia a íntegra do artigo em Berçário de estrelas (Blog do Noblat)
Geraldinho Vieira é jornalistaClaudius é chargista

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Henrique Martin, jornalista.

Quero parabenizar o meu amigo Henrique Martin.
Seu Trabalho de Conclusão de Curso - TCC, apresentado nesta quinta-feira, 02 de dezembro de 2010, foi brilhante.
Um videodocumentário de 15 minutos, chamado "O Condomínio dos Sonhos", sobre famílias alojadas por 8 anos num cortiço, resumiu com brilhantismo, o desprezo e o esquecimento do poder público pelos anônimos: cidadãos que, como todos nós, são manupulados por promessas quase nunca cumpridas.
A parte mais importante do TCC apresentado pelo grupo do qual Henrique fez parte, foi a mobilização e a efetiva solução de um problema.
Se o jornalismo tem uma missão, eu diria que é mostrar às pessoas os problemas e a realidade. Tornar público aquilo que as autoridades constituídas querem esconder, quase sempre.
Quando o público, as pessoas comuns, os cidadãos passam a ter conhecimento da realidade, só assim e, com cobranças efetivas, os problemas passam a serem resolvidos.
Foi isso que Henrique Martin, agora jornalista, fez. Ao mostrar a realidade de um problema social, mobilizou a sociedade civil e o poder público para a busca adequada da solução, o que acabou acontecendo.
Ao jornalista Henrique Martin, meus sinceros parabéns! Estou orgulhoso de você.
Um grande abraço do seu amigo Renato Violardi.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Sem um rumo. Sem um norte.

A prefeitura de Cabreúva, definitivamente, perdeu os rumos e as rédeas da administração do município.
Além dos inúmeros processos pendentes de julgamento no Tribunal de Contas do Estado, sobre irregularidades dos gastos públicos e da recente condenação por concorrência e contrato irregular da merenda escolar (TC-24789/026/07 http://www2.tce.sp.gov.br/arqs_juri/pdf/101054.pdf ), o prefeito Cláudio Giannini enfrenta dois processos de crime de responsabilidade, um denunciado pelo Vereador Oliveira e outro pelo Ministério Público (TJ 100.01.2010.001837 e 100.01.2010.002539).
Tudo isso parece ter afetado o que já era ruim - a administração do município - e tornou ainda pior.
Nota-se o descontentamento generalizado dos setores organizados do município com a falta de pulso e rumo da prefeitura.
A recente reativação da Associação de Moradores do Vale Verde, com cobranças justas dos moradores daquele bairro, levantaram as primeiras preocupações daquilo que a prefeitura mais teme - as cobranças de melhorias.
Mais recentemente ainda, um grupo que reúne aproximadamente 50 empresários e comerciantes do centro do município, resolveram criar uma associação, que já nasceu forte e unida, para a reividicação de melhorias e estruturação ao turismo e consequente aumento da atividade comercial, começando pela área de segurança, não só do comércio, mas de todo o centro do município.
Na última sessão da Câmara Municipal, na votação de um projeto enviado pela prefeitura, a própria base de sustentação do prefeito se viu perdida e, sem qualquer explicação, aceitou o adiamento do projeto para o ano de 2011, sem uma única manifestação do líder do prefeito e dos vereadores da situação.
Isso demonstra a letargia que atingiu os defensores de Claúdio Giannini.
Será na sessão da Câmara do dia 08 de dezembro, a votação sobre a futura presidência da nossa Casa de Leis no biênio 2011-2012.
O grupo de oposição, hoje, tem maioria, com 5 membros - Henrique Martin, Marcelo Defendi, Lurdes Santi, Célia Donato e Samuel Oliveira.
Certamente, o próximo presidente será o vereador Henrique, já que é esse o desejo da maioria.
A prefeitura então, cairá em sí e, do pior modo, entenderá a importância da Câmara Municipal, indo em confronto ao que sempre pregou o prefeito Cláudio Giannini - de que não precisa nem depende da Câmara para nada.
Tudo isso demonstra que a administração está sem um rumo, sem um norte. Essa falta de direção é a grande arma para a eleições de 2012, quando, se espera, Cabreúva possa finalmente encontrar sua tão sonhada vocação.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A Presidenta

Depois da pior campanha presidencial desde a redemocratização do país, temos um novo presidente, ou melhor, uma presidente: Dilma Vânia Rousseff.
Para a maior parte dos analistas de plantão, o Brasil mostrou amadurecimento democrático, elegendo a primeira mulher presidente da nossa história.
Sinto muito, mas não concordo.
Amadurecemos democraticamente, sim, mas não pelo fato de o país ter eleito uma mulher para a presidência.
O fator principal desta eleição, em minha modesta análise, foi a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Qualquer candidato que tivesse o apoio e a colaboração de Lula, seria eleito.
Não tiro os méritos de Dilma, apesar de não conhecer seus méritos como, acredito, quase ninguém no Brasil os conheça.
Ser mulher, me perdoem as feministas, não foi um quesito principal desta campanha, nem do plano de governo da então candidata.
Meu voto não foi de Dilma, apesar de já ter pertencido aos quadros do Partido dos Trabalhadores. Votei em José Serra, não preciso esconder e, já que o voto é meu, posso dizê-lo sem cometer qualquer crime.
Votei em Serra por, principalmente, conhecer seu trabalho frente a administração pública. Não concordo com tudo o que fez, ou deixou de fazer, pelo funcionalismo público, principalmente pelos professores mas, devo admitir, possuo uma profunda admiração pelo seus métodos e conhecimentos profundos do país.
A melhor análise desta eleição, em minha opinião, foi escrita pelo jornalista e economista Luis Nassif.
Nassif aprofundou-se sobre o olhar e a forma de entender o povo dos dois candidatos à presidência. Enquanto a população via no candidato José Serra um político preocupado com a estabilidade da economia e a revalorização da ética, a mesma população via a candidata Dilma Rousseff como escolhida pelo presidente que soube entender os pobres e as suas reais necessidades.
Entender o país não bastou a Serra. O que ele não entendeu foi como o povo entende o Brasil
A análise de Nassif é muito longa e profunda. Sugiro uma leitura atenta pois, é uma verdadeira aula de política.
Serra perdeu a eleição.
Dilma ganhou. Governará o país e será nossa presidenta pelos próximos quatro anos. Como qualquer brasileiro que ama nosso país, desejo-lhe boa sorte.
Pelo bem do Brasil!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Ética Profissional é compromisso social

O texto abaixo foi gentilmente enviado por uma querida amiga e fiel leitora deste blog e, acredito, mereçe uma grande atenção pela mensagem aos profissionais de todas as áreas.

"O varredor de rua que se preocupa em limpar o canal de escoamento de água da chuva; o auxiliar de almoxarifado que verifica se não há umidade no local destinado para colocar caixas de alimentos; o médico cirurgião que confere as suturas nos tecidos internos antes de completar a cirurgia; a atendente do asilo que se preocupa com a limpeza de uma senhora idosa após ir ao banheiro; o contador que impede uma fraude ou desfalque, ou que não maquia o balanço de uma empresa; o engenheiro que utiliza o material mais indicado para a construção de uma ponte, todos estão agindo de forma eticamente correta em suas profissões. Ao fazerem o que não é visto, ao fazerem aquilo que ninguém saberá quem fez, demonstra que estão preocupados, mais do que com os deveres profissionais, com as pessoas."


Rosana Soibelmann Glock, psicóloga, fisioterapeuta, Mestre em Gerontologia Biomédica - Bioética/Ética em Pesquisa. Endereço eletrônico: rglock@pucrs.br

José Roberto Goldim, biólogo, Mestre em Educação, Doutor em Medicina: Clínica Médica - Bioética/Ética em Pesquisa. Endereço eletrônico: goldim@orion.ufrgs.br

Publicado na Revista Mundo Jovem, em abril de 2003

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

MANIFESTO EM DEFESA DA DEMOCRACIA

"Em uma democracia, nenhum dos Poderes é soberano.

Soberana é a Constituição, pois é ela quem dá corpo e alma à soberania do povo.

Acima dos políticos estão as instituições, pilares do regime democrático. Hoje, no Brasil, os inconformados com a democracia representativa se organizam no governo para solapar o regime democrático.

É intolerável assistir ao uso de órgãos do Estado como extensão de um partido político, máquina de violação de sigilos e de agressão a direitos individuais.

É inaceitável que a militância partidária tenha convertido os órgãos da administração direta, empresas estatais e fundos de pensão em centros de produção de dossiês contra adversários políticos.

É lamentável que o Presidente esconda no governo que vemos, o governo que não vemos, no qual as relações de compadrio e da fisiologia, quando não escandalosamente familiares, arbitram os altos interesses do país, negando-se a qualquer controle.

É inconcebível que uma das mais importantes democracias do mundo seja assombrada por uma forma de autoritarismo hipócrita, que, na certeza da impunidade, já não se preocupa mais nem mesmo em fingir honestidade.

É constrangedor que o Presidente da República não entenda que o seu cargo deve ser exercido em sua plenitude nas vinte e quatro horas do dia. Não há "depois do expediente" para um Chefe de Estado. É constrangedor também que ele não tenha a compostura de separar o homem de Estado do homem de partido, pondo-se a aviltar os seus adversários políticos com linguagem inaceitável, incompatível com o decoro do cargo, numa manifestação escancarada de abuso de poder político e de uso da máquina oficial em favor de uma candidatura. Ele não vê no "outro" um adversário que deve ser vencido segundo regras da Democracia , mas um inimigo que tem de ser eliminado.

É aviltante que o governo estimule e financie a ação de grupos que pedem abertamente restrições à liberdade de imprensa, propondo mecanismos autoritários de submissão de jornalistas e empresas de comunicação às determinações de um partido político e de seus interesses.

É repugnante que essa mesma máquina oficial de publicidade tenha sido mobilizada para reescrever a História, procurando desmerecer o trabalho de brasileiros e brasileiras que construíram as bases da estabilidade econômica e política, com o fim da inflação, a democratização do crédito, a expansão da telefonia e outras transformações que tantos benefícios trouxeram ao nosso povo.

É um insulto à República que o Poder Legislativo seja tratado como mera extensão do Executivo, explicitando o intento de encabrestar o Senado. É um escárnio que o mesmo Presidente lamente publicamente o fato de ter de se submeter às decisões do Poder Judiciário.

Cumpre-nos, pois, combater essa visão regressiva do processo político, que supõe que o poder conquistado nas urnas ou a popularidade de um líder lhe conferem licença para rasgar a Constituição e as leis. Propomos uma firme mobilização em favor de sua preservação, repudiando a ação daqueles que hoje usam de subterfúgios para solapá-las. É preciso brecar essa marcha para o autoritarismo.

Brasileiros erguem sua voz em defesa da Constituição, das instituições e da legalidade.

Não precisamos de soberanos com pretensões paternas, mas de democratas convictos."


Num momento em que o governo do presidente Lula se dedica a investidas quase diárias contra a liberdade de informação e de expressão e critica a imprensa por divulgar notícias sobre irregularidades na Casa Civil, um grupo de personalidades de diferentes setores - entre eles juristas, intelectuais e artistas - decidiu lançar um “Manifesto em Defesa da Democracia”, cuja meta é “brecar a marcha para o autoritarismo”.
O ato público foi realizado no dia 22 de setembro, ao meio dia, na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo.
Entre seus signatários estão o jurista Hélio Bicudo, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Carlos Velloso, os cientistas políticos Leôncio Martins Rodrigues, José Arthur Gianotti, José Álvaro Moisés e Lourdes Sola,o poeta Ferreira Gullar, d. Paulo Evaristo Arns, os historiadores Marco Antonio Villa e Bóris Fausto, o embaixador Celso Lafer, os atores Carlos Vereza e Mauro Mendonça e a atriz Rosamaria Murtinho

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Soluções para...

Caros amigos, a crítica bem fundamentada exige uma contrapartida: a solução proposta aos problemas que criticamos, seja na vida pessoal, seja na política.
Todos sabem, e não é segredo para ninguém, que este blog, Cabreúva em Foco, é um blog político e não o blog de um político.
Procuro ser imparcial em todos os assuntos aqui tratados e sempre assegurei o direito de resposta a qualquer pessoa que tivesse sido atingido por uma postagem ou comentário, feitos e publicados aqui. Além disso, criei o "Espaço Aberto", para que qualquer internauta ou cidadão, em especial os cidadãos que são políticos em nossa Cabreúva, tivessem a oportunidade de expor suas idéias e propostas e, por conta disso, alguns cidadãos fizeram uso desse espaço, o que considero um sucesso.
Mesmo estando aberto a publicação de opiniões contrárias e críticas a minha forma de ser e de agir e considerar-me um democrata - tenho plena convicção disso - este blog e este blogueiro foi processado em 6 ações cíveis e 6 ações criminais, além de ter meu pedido de justiça gratuíta contestado em mais 6 ações. São ações indenizatórias por calúnia, difamação e injúria de cidadãos que se sentiram lesados por conta do Cabreúva em Foco. Os processos ainda estão em andamento, mas fui censurado previamente do meu direito de dizer os nomes dos autores dos processos.
Mesmo assim, este blog e este blogueiro não se cala quando o assunto são os desmandos praticados por políticos de nossa Cabreúva. Os políticos e os donos do poder passam. Nossa cidade e o amor que sentimos por ela, jamais se acabarão.
Assim, estou criando mais um tema que deve ser discutido por todos nós, cidadãos, para nossa Cabreúva: "Soluções para..."
Trata-se de um espaço para a discussão de planejamento  e crítica à forma de nossa cidade ser governada. Vou propor, segundo minha visão, formas de gerir a saúde, educação, meio-ambiente, defesa do cidadão, assistência social, cultura, enfim, todas as áreas de gerenciamento da política pública de nossa cidade.
Gostaria que você leitor e cidadão, também participe, enviando sua maneira de ver nossa Cabreúva para rviolardi@gmail.com
Este blog foi feito para você, assim como Cabreúva é de todos nós. Participe!


quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Eleição é coisa séria!

Você contrataria um pedreiro que apregoa aos sete ventos não entender nada de construção? Mandaria seus filhos para a aula de um professor que confessa não ter o que ensinar? Subiria num avião cujo piloto foi visto dizendo que não tem a mínima ideia de como o aparelho funciona?
A resposta é óbvia: não, não e não. Mas, em se tratando de política, as coisas nem sempre são lógicas assim. Existe a crença arraigada de que os políticos profissionais (aqueles mais experientes e que conhecem a fundo os meandros do Congresso) são venais, mentirosos e trapaceiros. Logo, alguém que não é político deve ser melhor do que os outros.
É nessas crenças ingênuas e desinformadas que candidatos como Tiririca (Francisco Everaldo Oliveira Silva), do PR, apostam quando lançam campanhas no estilo quanto mais ignorante, melhor. Alguns despem a pele de cordeiro tão logo são eleitos: esses eram enganadores. Outros, são atropelados pela complexidade dos trabalhos legislativos, e terminam como figuras quase folclóricas do Congresso, inofensivas e desarticuladas.
Tiririca, como legítimo representante desse humor superficial dos programas da TV aberta, desde sempre coalhados de caras esquisitas, sugestões maliciosas e frases de duplo sentido, explora com certa mestria a absoluta falta de propósitos de sua candidatura e consegue transformar em algo palatável a incoerência de pedir o voto da população ao mesmo tempo em que declara seu desprezo pela política.
Sua campanha, já famosa pelo slogan depreciativo em relação ao próprio candidato e ao Congresso (Vote em Tiririca, pior que tá não fica) - pode piorar, sim! - e declarações - não se sabe se sinceras ou feitas na medida para chamar atenção - de que nunca votou e não sabe para que serve um deputado, é uma contradição ambulante que tenta desmoralizar a atividade legislativa, sem oferecer uma única sugestão para melhorá-la.
Não se discute a liberdade de expressão do candidato, que deve poder falar o que lhe vem à mente, até como forma de se permitir que o eleitor o conheça. Se existe algo positivo no efeito Tiririca - a onda de indignação e descrédito para com a política e os políticos, surgida na esteira das tolices ditas pelo candidato -, é a (re)afirmação de uma democracia abrangente e plural, onde todos devem ter o direito de se sentir representados e de representar, mesmo que muitos não tenham a mínima noção da importância do parlamento num regime democrático.
É impossível não observar, porém, que esse tipo de candidatura, carente de boas ideias como os programas humorísticos de sábado à noite, só se viabiliza eleitoralmente porque o voto é obrigatório no Brasil. Não são os eleitores bem informados, que leem jornais e discutem política, os que votam em candidatos sem proposta. O voto em quem zomba da democracia e se faz de sonso diante dos imensos desafios de seu país é um típico subproduto da presença forçada, nas sessões eleitorais, de um eleitorado tão despreparado quanto numeroso, que acaba escolhendo o primeiro que aparece ou votando no mais engraçado, por absoluta falta de interesse e informação.
Os defensores do voto obrigatório alegam que, se apenas uma parte da população votasse, os eleitos teriam menos respaldo popular. Especialmente em países recém-emergidos de períodos ditatoriais, a compulsoriedade do voto seria, assim, uma forma de blindar os governantes com uma capa de legitimidade contra golpes e outros absurdos. Mas esse argumento, se algum dia já fez, hoje não faz nenhum sentido na robusta democracia brasileira, há muito colocada a salvo de qualquer ameaça golpista.
Num sistema de voto facultativo, como ocorre nas grandes democracias do mundo, todos teriam seu direito preservado, e só o exerceriam aqueles que realmente se importassem com a política, a ponto de levá-la a sério. O cenário seria bem outro, e os tiriricas da vida teriam de dizer algo útil, ou estariam fadados a fazer papel de bobos.

sábado, 28 de agosto de 2010

Prisioneiros da Liberdade


Novas eleições estão chegando e os políticos precisam conquistar votos. E para cumprir esse objetivo, vale tudo num jogo onde não há escrúpulos. A democracia corre riscos pela falta de ideologia, e uma nação sem fortes raízes ideológicas fica sujeita aos desejos de momento da maioria. Onde não há cultura e educação, onde aspectos morais e ideológicos não antecedem o pragmatismo do governo por consenso, seja este qual for, liberdades individuais serão destruídas por interesses de grupos organizados, conceitos morais serão deturpados e trocados por objetivos obscuros, porém embalados em nobres palavras.
A demagogia e o populismo serão regra, não exceção, e partidos políticos farão um leilão de promessas utópicas em troca dos votos dos ignorantes. O paraíso na Terra será ofertado de forma simplista pelos que disputam cargos políticos, nobres intenções serão convincentes pela atuação artística dos candidatos, para um público louco por algum conforto imediato, alguma tola esperança fantasiosa e messiânica. Os apelos emocionais e os objetivos heróicos irão dispensar a reflexão lógica, a explicação de como realizá-los na prática. Todo discurso politicamente correto irá encontrar forte eco entre uma massa de idiotas úteis, incapazes de perceber a realidade por trás de tanta encenação.
É através desse mecanismo, resumido de forma bastante simplista, que a busca pela justiça social e o bem estar público geram, na prática, resultados catastróficos. Foi assim que aberrações foram criadas por governos populistas. Cada aparente boa medida contém uma injustiça oculta, uma agressão à liberdade individual, um interesse real de cunho apenas eleitoreiro e um resultado concreto terrível. Mas se a História nos ensina algo, ela ensina também que poucas são as pessoas que aprendem com ela. E a desinformação popular, somada à propaganda maciça dos políticos inescrupulosos, faz com que os mesmos erros se repitam com freqüência assustadora.
Sempre que os apelos altruístas falarem mais alto que a lógica, sempre que o conforto das palavras for mais importante que o confronto com a realidade, os populistas sem caráter terão vantagem frente aos impopulares defensores da verdade. O ideal seria que o povo fosse mais instruído e preparado, que questionasse com embasamento as promessas políticas, para que não caísse na irresponsabilidade dos políticos de ocasião. Mas como o ideal é inimigo do bom, e imaginar tal cenário em nossa Cabreúva atual é uma utopia, que pelo menos um conselho fique guardado: em política, quanto mais impopular parecer o discurso, melhor!
Livre adaptação de "Prisioneiros da Liberdade", de Rodrigo Constantino
Republicação de postagem deste blog, mas muito atual e pertinente.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Agora é com os vereadores!

Na sessão ordinária do dia 11 de agosto de 2010, o presidente do Movimento Voto Consciente, de Cabreúva, usou a "Tribuna Livre" na Câmara Municipal, para apresentar aos vereadores do município, um questionário, elaborado ao longo deste ano. Reproduzimos, abaixo, o discurso pronunciado e o questionário proposto, para ser respondido por cada vereador.
Agora é com os vereadores!

"Nobres vereadores,

O questionário que segue foi elaborado por várias pessoas, direta ou indiretamente ligadas ao Movimento Voto Consciente de Cabreúva, que iniciou suas atividades em nossa cidade em Agosto/2009. O espírito, por assim dizer, que motivou o questionário não é de confronto, desafio, rancor ou qualquer tipo de pré-julgamento sobre o trabalho do nobre edil. Pelo contrário: se o propusemos, foi justamente pensando na elaboração de um instrumento que nos permitisse ultrapassar o senso comum em relação aos políticos, que mormente só serve para reproduzir arraigados preconceitos, como, por exemplo, aquele que diz que “políticos são todos iguais“ ou se candidatam ao cargo somente para “encher os próprios bolsos”. Queremos conhecê-los melhor. Tomar contato com suas ideias, seus planos para a cidade, sua forma de trabalhar. Queremos superar a distância que muitas vezes marca a relação entre os políticos e a população.

Uma vez que as perguntas propostas tratam de questões importantes de nossa cidade e de sua postura enquanto vereador em Cabreúva, não vemos motivos para não serem respondidas. Em nossas reuniões, aliás, temos insistido no fato de que um movimento como este, já atuante em várias cidades brasileiras, só não será bem recebido por maus políticos, por aqueles que têm algo a esconder ou que pouco se importam com o que a população pensa a seu respeito. De nosso lado, podemos afirmar que faz parte do ideário do movimento jamais favorecer qualquer partido ou força política da cidade. Todos os vereadores serão observados e avaliados segundo os mesmos critérios, sem favorecimentos.

Gostaríamos que o nobre vereador se comprometesse a responder pessoalmente às questões, sem a colaboração dos assessores. Interessa-nos a sua opinião. As respostas a este questionário são um dos elementos de avaliação de seu trabalho. Voltamos a afirmar: cremos que os bons políticos, aqueles que visam ao bem comum com seu trabalho, não têm qualquer motivo para se queixar de uma ação como a ora empreendida pelo Movimento Voto Consciente, pelo contrário. Os vereadores que querem divulgar seu trabalho junto à população têm, agora, mais um instrumento à sua disposição.

Nossa pretensão é reter as respostas ao questionário para avaliação interna ao Movimento. A ampla divulgação que pretendemos fazer é do ranking anual, baseado em critérios tais como assiduidade, eficiência dos atos fiscalizatórios empreendidos, projetos de mérito elaborados etc.

Agradecemos enormemente a disposição do nobre vereador. Pedimos que envie as respostas para o e-mail: votoconsciente.cabreuva@gmail.com ou imprima em uma folha e entregue a um dos membros do Movimento sempre presentes nas sessões regulares, até o dia 15 de setembro de 2010."

1 – Como reza a lei orgânica do município, os vereadores são eleitos representantes da população para basicamente duas funções: fiscalizar o poder Executivo e propor leis municipais. Nesse sentido, quais medidas de fiscalização o nobre vereador já tomou desde o início do atual mandato?

2 - Em sua opinião, quais os investimentos prioritários para o ano de 2011? Procure ser específico, evitando generalizações como “infraestrutura”, “saúde”, “educação”. Diante dessas necessidades, que medidas foram tomadas para procurar incluí-las na LDO/2011?

3 - Em nosso município existem vários conselhos, como o da Educação, do FUNDEB, da Alimentação e outros. Estes conselhos tratam diretamente dos problemas e dos gastos envolvidos nos setores para os quais deliberam. Qual sua participação nas reuniões destes conselhos?

4 – Qual sua justificativa para o baixo número de projetos apresentados pelos vereadores na atual legislatura?

5 – Uma vez que o cargo de assessor é um cargo público, advindo de indicação pessoal do vereador, perguntamos: quem é seu assessor? Com base em quais requisitos você o escolheu para essa função?

6 – Você procura cursos de aperfeiçoamento e treinamento para o exercício de sua função na vereança municipal? Quais os cursos mais importantes de que participou?

7 – De que forma você está procurando contribuir para o aprimoramento das leis que serão necessárias à adequação da revisão do Plano Diretor? O nobre vereador tem conhecimento de que a revisão do Plano Diretor está sendo feita por empresa privada? Quais suas ações no sentido de fiscalizar a execução desse plano por essa empresa?

8 – O Movimento Voto Consciente detectou a insatisfação de muitos cidadãos com os horários e a precariedade na divulgação de eventos públicos, tais como a apresentação e discussão da última LDO para 2011. O nobre edil se comprometeria a buscar uma forma de mudar os horários dessas sessões para aqueles mais acessíveis aos trabalhadores, além de defender uma divulgação mais ampla e antecipada das mesmas?

9 – Na visão do Movimento Voto Consciente, não é função do vereador se ocupar com atendimentos pontuais às necessidades da população, tais como cestas básicas, agendamento de consultas médicas, indicação para empregos, parcelamento de dívidas etc. Acreditamos que o vereador fiscaliza os gastos do Poder Executivo exatamente para que a população não dependa de favores individuais de vereadores, mas tenha o serviço público à sua disposição. Se há precariedades no serviço público – e sabemos que as há – entendemos que o vereador deve empreender esforços no sentido de procurar melhorá-lo, elaborando projetos e fiscalizando as verbas destinadas a tal fim. Mesmo porque, serviços individuais prestados por vereadores são uma forma de sugestionar o voto do eleitor que se beneficia desses atendimentos particulares. Vemos, no entanto, que tais atendimentos pontuais ocupam parte significativa da agenda de trabalho dos vereadores. Diante disso, gostaríamos de saber sua opinião a respeito da questão exposta acima.

10 – Qual sua opinião sobre o Movimento Voto Consciente, que tem como objetivo acompanhar seu trabalho enquanto vereador de Cabreúva? Qual sua opinião sobre a divulgação de um ranking, baseado em critérios objetivos, dos vereadores mais atuantes na atual legislação?

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

11 de agosto

No inverno de 1966, o jurista Adilson Dallari proferiu, no Salão Nobre das Arcadas, memorável discurso.
Eram as solenidades oficiais comemorativas do dia 11 de agosto.
Na época, em plena ditadura, vigorava a lei 4.464/64, que obrigava as faculdades a instituírem diretórios acadêmicos como representantes oficiais do corpo discente.
Sabia-se que a ideia subjacente era de dar um fim nos Centros Acadêmicos.
Com astúcia, rapidamente os estudantes franciscanos cumpriram a lei, instituindo o Diretório Acadêmico como representante oficial, mas mantiveram integralmente - e inabalado - o Centro Acadêmico XI de Agôsto como legítimo representante da mocidade acadêmica.
Numa ação coordenada, Sergio Lazzarini foi eleito presidente do XI e Adilson Dallari presidente do Diretório Acadêmico.
Mais atual do que nunca, o discurso, proferido há 44 anos, ainda é instrumento vivo para acender a centelha nos estudantes de ontem e de hoje em prol do aperfeiçoamento das instituições brasileiras.

Discurso do dia XI de agosto – 1966

"Estamos, neste momento,aqui reunidos, alunos e professores, para comemorar a data do plantio de uma semente que vingou ; a semente da árvore da Justiça, que tem por raízes o Direito.
E foi este generoso chão do Largo de São Francisco, juntamente com o de Recife, escolhido para abrigar em seu seio o bem mais precioso da nacionalidade.
Aqui se construiu um templo ao Direito, que desde a sua fundação tem correspondido às expectativas, pois se tornou um altar de gloriosas tradições, dentre as quais a de sempre se colocar um passo adiante em relação ao momento histórico, no que tange a defesa da liberdade, da justiça e dos direitos fundamentais do homem e do cidadão.
É muito importante frisar que essa tradição é apanágio da Escola, entendida como um todo harmônico, formado pela comunhão entre mestres e alunos.
Esta Faculdade sempre abrigou excelente alunos e isto porque, desde a sua fundação,sempre teve excelentes mestres. – Aqui sempre se encontrou, como agora se encontra, sem dúvida dúvida alguma, a nata da cultura jurídica brasileira e é exatamente isso que explica o fato de ser o corpo docente formado por antigos alunos.
A árvore da Justiça aqui plantada tem periodicamente apresentada belíssimas florações :
Floresceu ela na luta pela abolição da escravatura, para, com sua beleza, apagar a mancha negra que toldava o manto imaculável da brasilidade.
Floresceu novamente ao colocar o Brasil na senda da evolução histórica, com a proclamação da República.
Em outra floração, a campanha civilista, pode ela abrigar com sua sombra o gênio de Rui Barbosa, figura exponencial dentre os muitos grandes homens que por aqui passaram.
Na epopéia paulista de 1932 ela se cobriu de vermelho, para simbolizar o amor apaixonado à liberdade daqueles que deixaram a folha dobrada e por ela foram morrer.
Mas, nós o dissemos, as florações não são permanentes ; são periódicas. Entre duas primaveras há sempre um inverno e nós nos encontramos atualmente em tempo de inverno.
Todavia, o que é o inverno senão o período da primavera que necessariamente há de se seguir?
O momento histórico, de flagrante desajustamento, é na verdade a incubação de uma nova ordem.
Atravessa o Brasil uma fase de Revolução, entendida não como golpe de estado ou movimento armado e sim como processo histórico assinalado por modificações econômicas, sociais e políticas sucessivas e concentradas num período histórico relativamente curto, resultando em transformações estruturais da sociedade.
Da mesma forma atravessa o mundo uma fase de rápida evolução no sentido da formação de uma sociedade universal.
Já não mais há lugar para nacionalismos xenofóbicos e autárquicos. Também já se demonstrou que é absolutamente falsa a opção entre dois credos dogmáticos.
O mundo de amanhã será caracterizada pela libertação das energias diversas das nações livres e dos homens livres, - será, acima de tudo, um mundo de livres escolhas, no qual uma grande diversidade de nações, cada qual fiel às suas próprias tradições e ao seu próprio espírito, aprenderão a respeitar as regras básicas da convivência humana.
Estamos, portanto, no limiar de uma nova ordem, mas, no âmbito das relações humanas, não é possível haver ordem se não houver o Direito.
O progresso tecnológico por si só não poder trazer felicidade ao homem e perderá qualquer sentido se não for acompanhado e disciplinado pela evolução da ordem jurídica.
É ernome a responsabilidade desta geração acadêmica, pois dela se espera, pelo menos, o início da construção do arcabouço jurídico ajustável às novas estruturas.
Sabemos que é preciso derrubar mitos e preconceitos e sabemos também que não há panacéias ou fórmulas mágicas nem salvadores messiânicos.
Temos consciência de que somente o árduo trabalho de pesquisa, estudo, raciocínio e elaboração de muitos homens, isoladamente e em conjunto, poderão fazer do Brasil uma pátria antecipada, de homens livres e cultos, governados por seus legítimos representantes escolhidos de maneira verdadeiramente democrática, desfrutando das vantagens do desenvolvimento econômico, vivendo num ambiente de absoluto respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana, como cidadãos de um estado soberano fraternalmente integrado na comunidade mundial.
A semente plantada em 11 de agosto de 1827 ainda não floresceu nesta geração acadêmica, mas, se este chão do Largo de São Francisco ainda é o mesmo chão livre e generoso que recebeu a semente, se esta Escola é ainda um templo ao Direito, se ainda dentre suas muitas tradições, conserva a de estar na vanguarda da evolução histórica, se seus mestres ainda são os expoentes da cultura jurídica nacional, não poderão os alunos se furtarem à fatalidade de seu destino.
Eis aí a garantia de que a árvore novamente florescerá. E, nessa nova floração, oferecerá ela a todos os povos do universo a mais bela de suas flores a PAZ fundada na JUSTIÇA."

Arcadas 11/8/66
Salão nobre
Adilson Abreu Dallari
Presidente do Diretório Acadêmico

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Perdas e Ganhos

Houve, enfim, o tão esperado e improvável encontro entre o prefeito Cláudio Giannini e o vereador Oliveira.
Foi um encontro agendado, na prefeitura de Cabreúva, pelo vereador José Gomes, que serviu de interlocutor entre essas duas personalidades tão distintas e opostas. Por convite do prefeito, este blogueiro, por ser assessor do vereador Oliveira, também esteve presente.
A discussão girou em torno de amenidades, com uma apresentação, por Cláudio Giannini, de sua vida e dos problemas e dificuldades que a cidade de Cabreúva enfrenta.
Isso é o que foi dito.
Mas as entrelinhas e o que não foi falado, dizem muito mais coisas.
Esse encontro foi a fórmula usada pelo grupo do prefeito, na tentativa de desestabilizar e desestruturar todo o grupo de oposição de Cabreúva.
Ora, o prefeito encontrou-se com seu mais ferrenho opositor por uma hora, para a perplexidade de uns, desespero de outros e a dúvida de todos.
Teria o vereador Oliveira firmado um acordo político com o prefeito Cláudio Giannini? Por que não, agora, encontrar-se com os outros membros da oposição? Tornaria mais fácil articular o apoio de outros vereadores da oposição à eleição da presidência na Câmara, ao candidato do governo, o vereador José Gomes, dizendo a todos que o seu apoio estava garantido e tinha, agora, a maioria.
Essa jogada do prefeito Cláudio Giannini foi ardilosa, perversa e inteligente, mas, felizmente, não surtiu o efeito desejado. O prefeito e seu grupo subestimaram seus adversários políticos. Puro Maquiavel, para aqueles que o conhecem.
O grupo de oposição, liderado por Antonio Carlos Mangini, encontra-se coeso e consciente do que representa para Cabreúva. Nada é feito sem o seu conhecimento e sua aprovação. É assim que deve ser. É assim que o líder deve agir.
Desta forma, nem mesmo os dois processos de cassação de mandato de vereador e os dezoito processos contra este blogueiro e assessor do vereador Oliveira, fazem parte de qualquer discussão, pois não se negocia a verdade, a ética e nem o que é correto.
O vereador Henrique Martin será o nome que concorrerá à presidência da Câmara pela oposição, que terá ainda os votos dos vereadores Marcelo Defendi, Lurdes Santi, Célia Donato e Oliveira.
Desta forma, as forças políticas se equilibram e a Câmara será o contraponto às ações e reações da prefeitura.
Numa análise aprofundada do problema que tentou causar, encontra-se a falta de opção por parte da prefeitura, de um nome para concorrer às eleições de 2012.
Sabe-se que o prefeito não tem um sucessor de nome e peso, vindo das fileiras do PMDB. Sendo assim, quer desarticular o grupo opositor para enfraquecê-lo, tentando criar situações de embaraço entre seus membros.
O que se viu até agora, é que não está conseguindo seu intento, não por sua falta de talento político, mas pela união e força esmagadora da oposição que enfrenta e vai continuar enfrentando, tendo à frente o vereador Henrique, diferente de seu grupo situacionista na Câmara, cada dia mais dividido e em dúvidas sobre seus líderes.
Entre perdas e ganhos, Cabreúva ganhará, certamente.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

A ineficiência da administração pública municipal

Fazemos parte de uma cidade pequena, com cerca de 50.000 habitantes, mas cheia de problemas. Essa afirmação é dolorosa para a parcela da população que ama, de fato, Cabreúva.
Existem soluções para os problemas? Sim, existem. O único problema é que a administração municipal não se esforça para isso.
Qualquer cidadão nota que, nas cidades vizinhas, o crescimento está acompanhado de arrojo dos administradores municipais, com obras básicas de infraestrutura em todas as áreas.
Cidades educadoras, ênfase na saúde, habitação, meio-ambiente, estruturas sociais, empreendedorismo, formadores de técnicos, industriais, enfim, uma gama ilimitada de objetivos que a administração pública municipal, baseada nas necessidades de seu povo, devem priorizar.
Pergunto, então: qual a prioridade da administração de Cabreúva? Acredito que ninguém saiba responder, nem mesmo nossa prefeitura.
A atual administração já foi opositora dos governos passados e, nessa posição, apresentava propostas de melhorias para Cabreúva. As eleições municipais passaram e a oposição do passado, hoje está no poder. Quais mudanças ocorreram? Difícil responder, pois os problemas continuam os mesmos, mas com um toque mais atual.
Fazendo uma análise bem detalhada e isenta, posso afirmar que o grande problema que emperra e impede o crescimento e desenvolvimento de nossa cidade é o fator político.
Chego a essa conclusão e, é visível a qualquer pessoa que se disponha a fazer esse exercício analítico de forma imparcial, baseado não só na falta de diálogo entre a administração municipal e o legislativo, mas sobretudo nos sinais visíveis de descaso com os bens e obras públicas, no aparelhamento dos conselhos municipais, na falta de transparência dos gastos públicos e nos inúmeros processos julgados irregulares pelo Tribunal de Contas do Estado.
O uso inadequado do dinheiro dos nossos impostos, que é chamado dinheiro público, é um sinal claro para a interferência do Ministério Público, para a busca necessária dos princípios constitucionais da legalidade, legitimidade, economicidade e eficiência que deveriam nortear a administração pública municipal.
Sabemos que a sintonia entre os poderes deveria ser uma base para a solução dos muitos problemas estruturais que enfrentamos, mas a falta de diálogo entre o executivo e o legislativo é um dos motivos ou desculpa propagada, para que nenhuma solução seja pensada.
Essa falta de diálogo leva ao não-cumprimento da função do legislador que, além de fazer as leis, é o de fiscalizar o cumprimento das leis e a aplicação dos recursos orçamentários, evitando, desta forma, contratações, licitações e obras irregulares e eleitoreiras,
Exemplo disso, são as creches do Vale Verde e Novo Bonfim, feitas a toque de caixa, com evidente ênfase eleitoral e que permanecem fechadas por falta de material pedagógico, móveis e funcionários qualificados, além do asfalto das diversas ruas do município que, são, sim, obras necessárias, mas de qualidade duvidosa.
A saúde, educação, assistência social, meio ambiente, turismo, agricultura, cultura e demais pastas administrativas também sofrem com a falta de integração do executivo e legislativo, com convênios mal explicados ou não cumpridos, com inchaço de pessoal desqualificado, com a falta de infraestrutura básica ao funcionamento das secretarias.
Não podemos nos esquecer do funcionário público concursado, ao qual falta um plano de carreira que valorize o pessoal técnico e qualificado ou que forneça a qualificação necessária aos funcionários públicos municipais, além dos professores da rede municipal de educação, norma básica para o recebimento dos repasses do FUNDEB.
A análise dos problemas estruturais do município nos leva e crer que a atual administração municipal é ineficiente, como em grande parte dos pequenos municípios do estado e do país.
Mas é em Cabreúva que nascemos, moramos e vivemos, portanto é para a administração pública de nossa cidade que devemos fazer as cobranças e críticas, não para denegrir imagens ou destruir pessoas, mas para termos uma cidade melhor para todos nós.

sábado, 8 de maio de 2010

Retrato de Mãe

Uma simples mulher existe que, pela imensidão de seu amor, tem um pouco de Deus;

e pela constância de sua dedicação, tem muito de anjo; que, sendo moça pensa como uma anciã e, sendo velha , age com as forças todas da juventude;

quando ignorante, melhor que qualquer sábio desvenda os segredos da vida e, quando sábia, assume a simplicidade das crianças;

pobre, sabe enriquecer-se com a felicidade dos que ama, e, rica, empobrecer-se para que seu coração não sangre ferido pelos ingratos;

forte, entretanto estremece ao choro de uma criancinha, e, fraca, entretanto se alteia com a bravura dos leões;

viva, não lhe sabemos dar valor porque à sua sombra todas as dores se apagam, e, morta tudo o que somos e tudo o que temos daríamos para vê-la de novo, e dela receber um aperto de seus braços, uma palavra de seus lábios.

Não exijam de mim que diga o nome desta mulher se não quiserem que ensope de lágrimas este álbum: porque eu a vi passar no meu caminho.

Quando crescerem seus filhos, leiam para eles esta página: eles lhes cobrirão de beijos a fronte; e dirão que um pobre viandante, em troca da suntuosa hospedagem recebida, aqui deixou para todos o retrato de sua própria Mãe...

Don Ramon Angel Jara - Bispo de La Serena - Chile (escrito num álbum)
Tradução de Guilherme de Almeida

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Uma lição de cidadania

Na noite desta quarta-feira, 05 de maio de 2010, a Câmara Municipal estava lotada, como a muito não se via, com todos os seus assentos ocupados, em sua maioria, por jovens cabreuvanos. Mas o que estavam fazendo lá ou o que queria esses jovens? Essa era a pergunta dos senhores vereadores e de alguns dos presentes. 
Respondo, então, senhores: estavam exercendo a cidadania, coisa pouco comum em nossa cidade, onde aqueles que se manifestam, correm o sério risco de serem perseguidos politicamente.
O que presenciamos na Câmara Municipal, está deixando o campo da ficção para encontrar o terreno fértil da realidade: o pleno exercício da cidadania. 
Alegro-me em saber que cada dia mais, os jovens estão mostrando o valor que sempre tiveram, mas escondia-se sob o preconceito dos adultos, que sempre os tiveram como irresponsáveis e arruaçeiros. 
Não é essa a realidade: os jovens sabem o que querem e são suficientemente responsáveis para lutar por seus direitos e serem reconhecidos como cidadãos.
Publico, abaixo, o corajoso discurso proferido por Marcelo Cortez, o jovem cabreuvano que fez uso da Tribuna Livre na Câmara Municipal de Cabreúva, que deixou calado alguns vereadores e foi muito aplaudido por todos aqueles que estavam presentes.
Uma verdadeira lição de cidadania, como muitas outras ainda virão.
   
    "Boa noite senhora presidente, senhores vereadores e cidadãos cabreuvanos aqui presentes.
    Primeiramente, agradeço a Senhora Presidente por me conceder a oportunidade de ocupar esta tribuna nesta noite. Agradeço também aos vereadores que compõem este plenário, por conceder sua atenção neste momento, aos amigos e colegas aqui presentes e, finalmente, a Deus, por me permitir estar aqui. 
    O que me traz nesta tribuna esta noite é um assunto relacionado ao exercício da cidadania. 
    Fiz um protocolo junto à Prefeitura Municipal, que continha as reivindicações dos usuários do ginásio Tancredo Neves, mais conhecido como “Suvacão” (este protocolo está registrado sob o número 6863/09 e foi protocolado no dia 12/11/2009). 
    Conforme a lei, este documento deveria ter sido respondido em, no máximo, dez dias. 
    Passado contudo, sete meses, não obtive qualquer tipo de manifestação ou resposta por parte do Executivo Municipal. 
    Essa reivindicação foi acompanhada de um abaixo-assinado com 324 assinaturas, o que mostra que esta é uma demanda proveniente de um número representativo de cabreuvanos (suficiente, aliás, para a convocação de uma audiência pública solicitada pela sociedade civil, conforme artigo 243 – inciso I do Regimento Interno da Câmara Municipal de Cabreúva). 
    Embora não tenha optado pela realização da audiência, entendo que minha presença aqui nesta noite está respaldada pelo interesse desses 324 cidadãos, e certamente de tantos outros que desejariam ver nosso ginásio em condições dignas de uso, mas não tiveram a oportunidade de assinar o documento ou estarem aqui nesta noite.
    Manifesto, portanto, com este gesto, minha indignação. 
    Não é aceitável que em um regime que se quer verdadeiramente democrático, um simples pedido seja solenemente ignorado pelo poder público. Este deveria estar em uma sintonia maior com a população, porque, afinal de contas, existe unicamente para seu serviço. Assim, seria de se esperar que no exercício maduro da democracia representativa, a reivindicação da população fosse vista como algo benéfico, como aquilo que se soma aos esforços dos governantes para bem atender às necessidades dos munícipes. 
    O que vemos em Cabreúva, no entanto, é o contrário disso. Impera uma enorme burocracia para fazer chegar aos nossos representantes um simples abaixo-assinado, burocracia essa explícita nessa despropositada taxa de R$ 13,00 (treze reais), cobrada de quem quer somente fazer valer seus direitos. 
    Quando vencemos essas barreiras burocráticas, nos deparamos com o descaso e o desrespeito, evidenciados nesse absoluto silêncio quanto ao documento em questão.
    Será demais esperar um tratamento minimamente digno por parte dos que ora ocupam cargos para o qual foram eleitos ou nomeados com o único intuito de servir à população cabreuvana?"
Marcelo Cortez, cidadão cabreuvano.