terça-feira, 27 de setembro de 2011

Enfim, um pouco de luz...

Desde os tempos mais remotos a sociedade sempre distinguiu os comportamentos humanos em dois blocos antagônicos: o bem e o mal. As virtudes e os defeitos sempre serviram e, ainda servem, para distinguir o joio do trigo e assim garantir a proteção do próprio grupo social.
Esses comportamentos são indissociáveis do grupamento humano, estando o Estado sempre sujeito aos seus efeitos. Talvez seja por isso que grandes filósofos políticos como Maquiavel, Rousseau e Montesquieu sempre fizeram questão de afirmar que nem todos os homens eram bons e que o Estado sempre estava sujeito a atentados de entes corrompidos.
Com o passar do tempo o homem afastou-se muito dos padrões éticos como a honestidade e a honradez, fazendo com que, ao reverso, se aproximasse demasiadamente de um fenômeno social, chamado corrupção.
A corrupção certamente é o mal que mais aflige a humanidade atualmente e está associada à fragilidade dos padrões éticos da sociedade, refletida principalmente na ética do agente público.
Neste aspecto, preocupante é a constatação da existência da acentuada deformação de caráter em muitos dos que ascendem ou pretendem ascender à administração do interesse público, ou seja, os detentores do poder e seus sucessores.
A solução, ao que consta, depende da mudança cultura, da mudança de mentalidade, que deve partir do maior interessado: o povo e, por estarmos entre eles, de todos nós. A melhor arma para o combate à corrupção é a reprovação popular. “É preciso educar o povo e ensiná-lo a amar o coletivo”, como bem disse Montesquieu.
Faço essa necessária introdução para salientar que, por lado, todos nós nos cansamos de observar que, mesmo tendo tentado extirpar esse mal, nada foi feito em nossa Cabreúva, e por outro lado, aquele que mais tentou, e muitos julgavam derrotado, estará de volta.
O Vereador Oliveira estará retornando à Casa de Leis de nossa cidade.
Depois de suspeitas de um sério problema de saúde que o levou à pedir licença por 120 dias, festivamente aprovado na Câmara Municipal de Cabreúva, com direito a desabafos de alegria dos vereadores da base aliada do prefeito e de alguns jornais do município, numa clara demonstração de desrespeito, calúnias e injúrias, finalmente o Vereador Oliveira se viu recuperado e foi liberado pelos seus médicos.
Acredito que, noites de sono serão raridade entre alguns integrantes do secretariado municipal, assim como à base aliada do prefeito na Câmara. Da mesma forma, Oliveira retorna tirando o sono do candidato, antes opositor, agora sucessor do prefeito, uma vez que, por serem amigos, estarão em posições distintas, pois quem era candidato da oposição ao atual prefeito, em 2008 e se beneficiou do vídeo (http://www.youtube.com/watch?v=lNarNmbXxGA), amplamente divulgado na internet e resultou em dois processos no Tribunal Superior Eleitoral, hoje é o candidato do próprio prefeito, ou seja, concordando com tudo que o vídeo mostrava: a compra de votos. Oliveira continua sendo oposição  ao mau uso do dinheiro público.
Mesmo afastado por problemas de saúde, Oliveira teve notícias e ligações diárias de Cabreúva, pedindo a sua volta e, continuou atuando, na figura deste blogueiro e seu assessor. Todo o seu trabalho de investigação das contas públicas e da podre mistura do dinheiro público com o interesse privado, seguiam em relatórios freqüentes e, desta vez, quem se surpreendeu foi o próprio Oliveira, ao desaprovar o comportamento de sua suplente que, ao ser empossada, fez da Câmara uma sucursal da entidade de alta classe que representa, tão distante do povo, não se comportando como uma suplente do vereador que investiga gasto públicos, mas como uma suplente perto demais do poder que o vereador Oliveira sempre combateu. A gota d´água para esse retorno foi o desrespeito e descumprimento de um pedido seu, antes de se afastar, resultando na exoneração deste seu assessor, para cumprir um pedido do candidato do prefeito e uma exigência do grupo político do próprio prefeito.
A intenção indireta e escondida desta exoneração, era dar lugar de assessora à esposa do presidente do partido da suplente, estabelecendo assim, a ligação do dinheiro público com a manutenção partidária, fato que jamais seria permitido pelo Vereador Oliveira, defensor intransigente da moralidade e transparência pública.
As noites de muitos que já não mais se preocupavam, não serão tranqüilas pois, em meio às trevas morais e éticas da política cabreuvana, finalmente voltaremos a ter a esperança de um pouco de luz...

domingo, 11 de setembro de 2011

Vade retro, corrupção!

por Josué Gomes da Silva

Foi muito importante para o Brasil a recente atitude de um empresário em Santa Catarina que se recusou a pagar propina a funcionários públicos para facilitar a liberação de obra na região metropolitana de Florianópolis. Entre dois caminhos possíveis, ele escolheu o melhor para a sua empresa e para o país; ainda que, em princípio, o mais difícil. 

O gesto do empresário lembrou-me importante ensinamento de Jesus Cristo no Sermão da Montanha (Mateus, 7: 13-14): "Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que leva à perdição, e muitos são os que entram por ela. Que estreita é a porta e que apertado o caminho que leva para a vida, e que poucos são os que acertam com ela". 
Independentemente da questão religiosa, é inegável a sabedoria contida nas palavras de Cristo. A despeito das dificuldades a serem enfrentadas, devemos optar pelo certo e pelo honesto, rejeitando o errado. É preciso que cada um, em autêntica cruzada, cerre fileira contra a improbidade, a favor da transparência, da eficácia e da correção da gestão nos setores público e privado. 
Afinal de contas, cada ato de corrupção tem dois lados: quem recebe e quem dá. 
Estudo da Transparência Internacional mostra que as nações mais corruptas são as que têm as economias menos competitivas. Em recente relatório da entidade, sobre 2010, 68 países, num universo de 178, estão mais bem colocados do que o Brasil. Precisamos evoluir muito nossa posição, enfrentando com mão firme os corruptos e os corruptores. 
Pagamos impostos para ter saúde, educação, segurança e receber investimentos governamentais, como em saneamento básico e infraestrutura. A corrupção consome parte desses recursos, reduzindo a eficiência dos serviços e das obras, impedindo a tão reclamada racionalização da carga tributária. 
Estimativa apresentada pelo economista Marcos Fernandes da Silva em reportagem da Folha (especial Corrupção, 4/9) concluiu que a corrupção custou ao Brasil o equivalente a uma Bolívia, entre 2002 e 2008. É preocupante. 
A receita fiscal tem crescido de modo expressivo no Brasil, apontam estudos do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). Neste ano, pagaremos mais de R$ 1 trilhão em tributos à União, aos Estados e aos municípios. São recursos que, estancada a corrupção, contribuirão em muito para um Brasil melhor e mais desenvolvido. 
Para tornar isso possível, é necessário que todos se pautem pela atitude do empresário catarinense que optou pela porta estreita da ética. Se a sociedade fizer sempre o correto, impediremos que o dinheiro dos impostos se perca no ralo da improbidade.

Folha de São Paulo, 11/09/2011