terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Política?



Parece que alguns políticos perderam, ou mesmo desconhecem o sentido da palavra político.
Talvez seja necessário antes de tudo, que relembremos tal sentido, buscando no velho Aurélio, a etimologia da palavra. Do grego politikós, pelo latim politicu, aquele que tem origem e compromissos com a polis (cidade). Embora venha da mesma estrutura linguística, mas não tão nobre, emerge a palavra politicagem. Bem, então que tal recorrermos novamente ao "pai dos burros” (como se caracterizou popularmente o tão útil dicionário)? Senão vejamos: politicagem é a visão estreita e mesquinha de advogar em interesses pessoais. 
Agora devidamente informados acerca do significado das palavras, vem a pergunta: Será que nossos eminentes representantes dos interesses legislativos têm conhecimento desses significados?
Na Grécia do século V a.C., certamente esse conhecimento era comum a quase todos. Obviamente, não estou aqui fazendo apologias ao "democrático" sistema social grego. Não coloquei as aspas por um acaso. Numa sociedade onde cerca de 90% eram escravos é, no mínimo, hipócrita, pensarmos em democracia. Contudo, o compromisso com os interesses da cidade (polis) era inquestionável. Em verdade, a célula mater  da sociedade grega era o Estado. Os cidadãos estavam comprometidos com valores que eram a essência da própria Paidéia (a grosso modo, a formação do homem grego). Platão (428-347 a.C.), por exemplo, pensava o seguinte acerca dos compromissos do cidadão com a polis: "a virtude é a coragem, e essa deveria ser o peito do Estado, isto é, os soldados ou guardiões da polis, pois sua alma de prata é imbuída de vontade". Entretanto, sabemos dos desgastes naturais dos pensamentos, afinal de contas, distamos vinte e cinco séculos de palavras tão grandiloquentes.
As épocas são outras, diriam os mais céticos. Mas, e a ética, ela é ou não atemporal?  Se pensarmos que são as condutas humanas que as caracteriza, ela de fato  é mutável. Contudo, se o seu lastro está sedimentado em regras da moral humana, essas em qualquer tempo e lugar determinam os valores éticos. Dessa forma, não se sustentam as justificativas de que as transformações das sociedades embasariam o processo “dinâmico” da ciência política, quando essa corrompe os valores morais.
Se beneficiar com direções dos ventos, esquecendo dos compromissos do cidadão com a pólis, parafraseando Platão, distoa da ideia primeva de que a política é feita de vontade. Vontade essa, que é a própria essência do Estado.
Sendo atores sociais, sabemos das necessidades transformadoras e salutares das sociedades. Paradigmas devem ser quebrados, mitos devem ser questionados – afinal de contas, não estaríamos aqui a lucubrar sobre nós mesmos, e sim queimados pelas hostes inquisitórias.
Sim, os tempos são outros, mas não de outrem. Não daqueles que acreditam que podem mudar de valores, como se isso fosse comum a uma sociedade contemporânea e descartável.
Não senhores legisladores, política não se faz assim. Falemos de política em português legível, e não em latim politicu, pois alguns, por vezes, confundem com cloaca, sujeira ou podridão.
Tenhamos cuidado com os sensacionalistas das “páginas amarelas” (de tablóides que se consideram formadores de opinião, entretanto e na realidade, são questionáveis), que, a exemplo das páginas amarelas das listas telefônicas, são apenas breviários de algo mais. Estejamos atentos, pois os tempos são outros e, ao que parece, a ética também.


4 comentários:

Jaqueline Rosa disse...

Renato, querido, faz um favor pra essa sua jovem amiga, futura eleitora dessa cidade tão politicamente precária?? SE CANDIDATA PELO AMOR DE DEEEUS!!!!!

Eu voto em vc, sério \o

Ja disse, e repito mil vezes se precisar, vc seria um ÓTIMO político, um político de verdade, um político DA verdade.


Confio mto na sua capacidade ;)

beeijos querido!

Francisco José Rito disse...

O mesmo escarro, essa coisa da política, seja no Brasil, em Portugal, ou em qualquer outra parte do mundo.

Gostei do seu blog

Uma boa tarde e um abraco

Francisco

Renato Violardi disse...

Minha querida amiga Jaqueline! Fiquei muito feliz de vê-la comentando novamente. Você sabe o quanto gosto de você, e quanto estimo suas opiniões... Estou me cansando, Jaque! Cansando não da política, ciência que muito estudo e respeito, mas cansando dos políticos. Quanta podridão há nesse mundo infestado de politiqueiros!!! Isso tem me desgastado tanto, que por vezes penso em simplesmente sair de cena... Mas, então, encontro pessoas como você, o Izak, o Thomas, o Leandro, a Débora e outros tantos que não me é dada a opção de deixar de lado, desistir. Obrigado pelo seu carinho e sua confiança. Obrigado!!!

Renato Violardi disse...

Obrigado, Francisco!
Fiquei muito feliz por sua visita...
Gostaria que conhecesse uma cidade de Cabreúva linda, sem problemas estruturais, sem miséria, com políticos comprometidos e uma população interessada na sua própria cidade. Ainda não é essa a Cabreúva de hoje, mas tenha certeza, estamos trabalhando muito para que os nossos sonhos virem projetos e, os projetos, realidade.
Um grande abraço e bem-vindo!