quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Por onde ir?

O papel do intelectual, do pensador, é iluminar a sociedade, mostrar o caminho correto para o vulgo, para o povo. Julien Benda diagnosticou um dos males da modernidade, os intelectuais tinham simplesmente recusado este papel. Ao invés de procurar a verdade e mostrá-la, como fez Sócrates, deixaram-se levar pela vaidade e passaram a querer ter razão. O intelectual trocou dúvidas por certezas, o caminho inverso para quem deseja buscar sabedoria e ajudar a sociedade. O ativismo político dos intelectuais é a manifestação deste cruzamento de vaidade com orgulho.
Por que digo isso? Porque não considero o povo o maior responsável pelo que vai de errado no Brasil. A responsabilidade depende do grau de conhecimento de cada um. Certamente quem vota em políticos corruptos, sabendo desta condição, fez uma escolha e responde por ela. No entanto, uma massa de semi-analfabetos, que não acredita que possa existir um político honesto, tem muito pouca condição de escolher o melhor.
A culpa maior está naqueles que deveriam iluminar e apontar as incoerências. O problema do Brasil começa na elite intelectual e sua corrupção. Não falo de dinheiro, falo de outros tipos de corrupção, falo de corrupção ideológica, moral, enfim, da traição relatada por Benda, da estupidez mostrada por Voegelin e Ortega. O homem massa tomou o poder e vai levando toda a sociedade, incluindo ele, para o buraco. O problema do Brasil é Marilena Chauí, Antônio Cândido, Dalmo Dallari, Chico Buarque e tantos outros. Mas o povo nem sabe quem são eles? Não, mas os formadores de opinião sabem e muito bem. 
A cada dia que passa, somam-se os casos de perseguição no nosso país, seja ela política, ideológica, religiosa ou de outra natureza, a pessoas que apenas pensam de modo diferente e divergente, a pessoas que apenas querem expressar o que pensam de uma forma livre, a pessoas que querem dar a sua contribuição para um país mais justo, para um país mais livre, para um país mais desenvolvido, para um país mais esclarecido, para um país mais emancipado, para um país mais feliz. Infelizmente exemplos não faltam. 


No Brasil é difícil ser aceito como uma pessoa crítica e de pensamento divergente. No Brasil, temos todos que nos resignar ao paradigma do respeito e ao politicamente correto, não se podendo brincar com coisas sérias. Neste momento vivemos uma Época de crescente privação da liberdade de expressão! Nos últimos anos temos vindo a assistir ao crescente ganhar terreno de um paradigma social e político que parece assumir como valores máximos, o pensamento único e convergente.

Neste momento, a tolerância dos regimes político e social em que vivemos é muito baixa para com todos aqueles que ousam enfrentar o "status quo" vigente, com o seu pensamento divergente. Temos todos que nos portar como ovelhas seguidas dos pastores que “zelosamente” e “paternalisticamente” nos guardam e nos protegem, os quais contam com uma matilha de cães-de-guarda sedentos por denunciar as “ovelhas desgarradas”, sedentos por colocar essas ovelhas na ordem.
Um país que, por razões surrealistas e de puro nonsense, desperdiça pessoas de grande talento, os quais trabalham arduamente para divulgar a verdade, para lutar por justiça e expressar seu pensamento sobre o sistema vigente, é um país esquizofrénico, é um país que goza com todos os contribuintes, é um país que não dá o devido valor aos seus homens e mulheres de excelência.

Em Cabreúva, não é nada diferente do restante do país.

Um comentário:

Jaqueline Rosa disse...

Renato, é assim mesmo. Exatamente por isso, precisamos tomar nossos lugares no mundo e agir de acordo com nossas expectativas. Sim, agir de acordo com o que queremos conquistar. Grandes conquistas exigem muito trabalho, não é mesmo?! Pois então... vamos! (...) Quanto aos bons políticos... Acho que essa ideia ainda não entrou bem na minha cabeça... Que acha de ir lá, se candidatar, se eleger, e provar pra mim, pra Deus e o mundo que a política pode ser tão limpa e clara quanto o água e o ar que consumiam nossos bisavós, na fase pré aquecimento global?! aahahha...
Conto com você nas primeiras eleições da minha vida. Beeijos, e não desista da sua luta! Jaqueline.