quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

ESPAÇO ABERTO



Do Discurso Competente

Caro Renato

Hoje resolvi comentar de maneira diferente, utilizando o Espaço Livre que generosamente cedeu aos leitores deste Blog, deixando claro que todos nós temos liberdade de expressão e que, esta, é amparada constitucionalmente.

Como citou em sua postagem várias assumidades no campo da Filosofia e Sociologia e mencionou Marilena Chauí, é perante colocações contundentes de tal Filósofa que irei falar.


Marilena Chauí, quando fala do Discurso Competente afirma que a ideologia é uma forma de máscara, o velar da realidade. É de tal maneira um mecanismo necessário dos agentes sociais (políticos) produzirem uma leitura dessa realidade.

Todos nós sabemos, ou deveríamos saber, que a ideologia traz um conjunto de aparências perfeitas, completamente moldadas à nossa existência e que, de certa forma, que seria impossível viver sem elas.
Eis aí, um ponto chave, pois é isto mesmo que querem que pensemos.

Na ideologia as ideias não tem lugar fixo ou preciso e, por isso, o saber é adverso a essa perversa, essa madrasta concepção ideológica, sendo o falso que jamais querem revelado.

O saber desvela essa máscara ardilosa.

Onde quero chegar? Chauí diz que quando o saber perde os laços do lugar e do tempo de suas orígens, aparece um DISCURSO COMPETENTE. Mas o que é isto na visão da autora? É aquele discurso que pode ser proferido, ouvido e aceito como verdadeiro ou autorizado. Um discurso instituído. "Não é qualquer um que pode dizer a qualquer outro qualquer coisa em qualquer lugar e em qualquer circunstância."

Atribui ainda ao discurso competente a burocratização da sociedade, ou seja, a medida em que a sociedade se torna complexa o Estado vai expandindo e engolindo a vida das pessoas com um discurso pronto. Mas não pode esquecer que este discurso tem um duplo sentido - o discurso do burocrata (poder) e o discurso do conhecimento (aqueles que não pertencem ao poder). Nada mais do que um único discurso com duas faces.

Um discurso que deixou de ser legislador, pedagógico e, acima de tudo, ético há tempos e que não se inspira mais em ideais e valores.

O pior, para que estes discursos se profiram é necessário que não haja sujeito algum e, sim, homens reduzidos a meros objetos sociais, aonde não se discuta nada , mas que a aceitação seja ímpar, total e absoluta.

Por fim, citação da própria autora, muito própria para o momento - "É a noção de competência que torna possível a imagem de comunicação e da informação como espaço da opinião política, imagem aparentemente democrática, e na realidade, antidemocrática por excelência pois ao fazer do espaço público de opinião, essa imagem destrói essa possibilidade de elevar o saber à condição de coisa pública, isto é, de direito à sua produção por parte de todos."


Vou mais além, com uma colocação muito particular - Nossos políticos têm noção do Discurso Compentente ou também foram submetidos a eles por uma cúpula política, cheia de vícios e perniciosidades longe do fim?

Estão longe do saber e se enveredam pelas brenhas da total ignorância, aliciando sem escrúpulos ou remorsos os cidadãos que se encontram na escuridão.

Segredam a podridão administrativa fazendo-se valer do seus poderes (mutáveis) escondendo-se atrás das máscaras da perseguição e do ódio, como aqui já o disse outrora.

Maria de Lurdes Silva (Malu)

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