sexta-feira, 7 de maio de 2010

Uma lição de cidadania

Na noite desta quarta-feira, 05 de maio de 2010, a Câmara Municipal estava lotada, como a muito não se via, com todos os seus assentos ocupados, em sua maioria, por jovens cabreuvanos. Mas o que estavam fazendo lá ou o que queria esses jovens? Essa era a pergunta dos senhores vereadores e de alguns dos presentes. 
Respondo, então, senhores: estavam exercendo a cidadania, coisa pouco comum em nossa cidade, onde aqueles que se manifestam, correm o sério risco de serem perseguidos politicamente.
O que presenciamos na Câmara Municipal, está deixando o campo da ficção para encontrar o terreno fértil da realidade: o pleno exercício da cidadania. 
Alegro-me em saber que cada dia mais, os jovens estão mostrando o valor que sempre tiveram, mas escondia-se sob o preconceito dos adultos, que sempre os tiveram como irresponsáveis e arruaçeiros. 
Não é essa a realidade: os jovens sabem o que querem e são suficientemente responsáveis para lutar por seus direitos e serem reconhecidos como cidadãos.
Publico, abaixo, o corajoso discurso proferido por Marcelo Cortez, o jovem cabreuvano que fez uso da Tribuna Livre na Câmara Municipal de Cabreúva, que deixou calado alguns vereadores e foi muito aplaudido por todos aqueles que estavam presentes.
Uma verdadeira lição de cidadania, como muitas outras ainda virão.
   
    "Boa noite senhora presidente, senhores vereadores e cidadãos cabreuvanos aqui presentes.
    Primeiramente, agradeço a Senhora Presidente por me conceder a oportunidade de ocupar esta tribuna nesta noite. Agradeço também aos vereadores que compõem este plenário, por conceder sua atenção neste momento, aos amigos e colegas aqui presentes e, finalmente, a Deus, por me permitir estar aqui. 
    O que me traz nesta tribuna esta noite é um assunto relacionado ao exercício da cidadania. 
    Fiz um protocolo junto à Prefeitura Municipal, que continha as reivindicações dos usuários do ginásio Tancredo Neves, mais conhecido como “Suvacão” (este protocolo está registrado sob o número 6863/09 e foi protocolado no dia 12/11/2009). 
    Conforme a lei, este documento deveria ter sido respondido em, no máximo, dez dias. 
    Passado contudo, sete meses, não obtive qualquer tipo de manifestação ou resposta por parte do Executivo Municipal. 
    Essa reivindicação foi acompanhada de um abaixo-assinado com 324 assinaturas, o que mostra que esta é uma demanda proveniente de um número representativo de cabreuvanos (suficiente, aliás, para a convocação de uma audiência pública solicitada pela sociedade civil, conforme artigo 243 – inciso I do Regimento Interno da Câmara Municipal de Cabreúva). 
    Embora não tenha optado pela realização da audiência, entendo que minha presença aqui nesta noite está respaldada pelo interesse desses 324 cidadãos, e certamente de tantos outros que desejariam ver nosso ginásio em condições dignas de uso, mas não tiveram a oportunidade de assinar o documento ou estarem aqui nesta noite.
    Manifesto, portanto, com este gesto, minha indignação. 
    Não é aceitável que em um regime que se quer verdadeiramente democrático, um simples pedido seja solenemente ignorado pelo poder público. Este deveria estar em uma sintonia maior com a população, porque, afinal de contas, existe unicamente para seu serviço. Assim, seria de se esperar que no exercício maduro da democracia representativa, a reivindicação da população fosse vista como algo benéfico, como aquilo que se soma aos esforços dos governantes para bem atender às necessidades dos munícipes. 
    O que vemos em Cabreúva, no entanto, é o contrário disso. Impera uma enorme burocracia para fazer chegar aos nossos representantes um simples abaixo-assinado, burocracia essa explícita nessa despropositada taxa de R$ 13,00 (treze reais), cobrada de quem quer somente fazer valer seus direitos. 
    Quando vencemos essas barreiras burocráticas, nos deparamos com o descaso e o desrespeito, evidenciados nesse absoluto silêncio quanto ao documento em questão.
    Será demais esperar um tratamento minimamente digno por parte dos que ora ocupam cargos para o qual foram eleitos ou nomeados com o único intuito de servir à população cabreuvana?"
Marcelo Cortez, cidadão cabreuvano.

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