terça-feira, 14 de abril de 2009

Todos os males da corrupção

Compra de votos, venda de cargos, trocas escusas. Em uma palavra: corrupção. Nos últimos meses, uma sucessão de denúncias, julgamentos e cassações pôs outra vez um primeiro plano no País este que deveria ser considerado o antônimo perfeito da arte da política – mas muitas vezes, por aqui, ganha ares de seu sinônimo. Sai o empenho pelo bem comum e entra o vezo do culto aos interesses pessoais. Identificado, em suas origens, com as etapas de degeneração de um corpo vivo que o levariam inexoravelmente à morte, o termo corrupção chegou à esfera política trazendo consigo a mesma idéia de uma decomposição que sinaliza o fim de algo. E o que estaria esgotado na política brasileira? Para o cientista político Hélio Jaguaribe, é o sistema partidário, “nosso maior problema”. Segundo ele, “os partidos brasileiros não tem uma verdadeira realidade, quer dizer não são reconhecidos pela opinião pública por suas diretrizes e as especificidades de seu programa”. Resultado: o eleitor vota não por convicções políticas e sim por motivações pessoais.
Isso ajudaria a compreender fenômenos como o PMDB, a maior agremiação política do Brasil, que não passa, na definição de Jaguaribe, ecoando de certo modo as palavras do senador Jarbas Vasconcelos, “de uma mera agregação de candidaturas, sem nenhuma definição própria; o veículo patente da política de clientela” – essa que também poderia atender pelo nome de “política de resultados”. É de olho nela, acredita Jaguaribe, que os corruptos procuram se eleger. Na opinião do cientista político, o que se vê com mais freqüência no País é a eleição de gente corrupta e não a corrupção dos eleitos. “Evidentemente, eu não excluo a possibilidade da existência de pessoas que se corrompam depois de eleitas, porém creio que a maior parte dos casos que vêm à tona seja de corruptos que se elegeram”. De acordo com Jaguaribe, “à medida que, a partir de uma nova legislação e uma nova cultura política sejamos capazes de conduzir o Brasil a um sistema partidário representativo, programático, dotado de estabilidade, fatores como a corrupção ficarão reduzidos a um nível muito menor do que hoje em dia”.

Rinaldo Gama – Caderno Aliás – Jornal O Estado de São Paulo - 08/03/2009

Um comentário:

Penélope disse...

Ainda acredito num mundo onde as espécies passarão por uma evolução profunda em todo âmbito.
Acredito que nascerão políticos honestos fazendo por merecer aquilo que recebeu de Deus e do povo.
Acredito também em eleitores que saberão cobrar...
Hoje estão em pé de igualdade:
Políticos sem filosofia partidária, porque na verdade não sabem o que é filosofia e, cidadão, meros eleitores, que não conhecem o valor do seu voto... ou então fazem liquidação deles.
Haverá demudar essa infeliz realidade, do eleitor ver jogarem no lixo seu voto, após as eleições.
Acredito que um dia todos nós saiamos desse estado letárgico e consigamos dominar, pela inteligência esses ignorantes que governam à mãos de ferro nosso Planeta.